segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Usos e costumes dos usos...

Usos e costumes dos usos...

Estava a pouco revendo uma minissérie da Rede Globo de muito sucesso nos anos 80, “Anos Dourados”, a trama acontece nos anos 50 e refletem “os usos, costumes e preconceitos da época”.
A minissérie retrata os anos 50, e nesta crônica brincando com a metalinguagem farei o retrato que faço dos anos 50, 60, 80 e 2000. Dando-me a licença de pular a década de 90.
Podemos dizer que muita coisa mudou no comportamento dos jovens e das famílias de forma geral, porém algumas marcas ainda são evidentes e passam de geração em geração.
Começamos pelo comportamento dos filhos, em 1950 a juventude descobre o Rock and Roll, e com a rebeldia deste ritmo e sua contestação faz com que os jovens cheguem a momentos de liberdade e luta jamais vistos. Embaladas por uma época rica musicalmente, o Rock vindo de fora com: Elvis, Little Richard e outros grandes nomes, e no Brasil a inesquecível Bossa Nova com: Tom Jobim, Vinicius,Roberto Menescal, Ronaldo Bôscoli, Dick Farney , Lúcio Alves, Billy Blanco, Carlos Lyra,Nara Leão, João Gilberto,etc.
Entramos na década de 60 sobre a efervescência destes movimentos, The Beatles estourando nas paradas de sucesso, contestações por causa da Guerra do Vietnã que começou em 1959, no Brasil Ditadura,contra ditadura, músicas de contestações, Festivais de Música e Jovem Guarda. Ou seja, uma juventude com seus problemas e suas virtudes, com o aumento do uso de drogas, a mais usada o LSD, cocaína e heroína, e já tínhamos a presença do ecstasy.
Porém estes jovens lutavam por seus ideais, era a Movimento de Contracultura, que contestava os valores da época: Liberdade Sexual, Liberdade de Expressão, Luta pela Paz, etc.
Muitas conquistas hoje são tão normais, que não se dá mais o devido valor.
Pulamos a década de 90, desculpem aqueles que discordam, mas foi o começo do fim, por isso vou pular essa época, só fazendo uma ressalva que em termos de Música Nacional foi uma época maravilhosa com: Legião Urbana, Capital Inicial, Ira, Titãs, Biquini Cavadão, Plebe Rude, RPM, e tantas outras bandas de Rock Nacional, que ainda tentaram levar alguma coisa aos jovens, mas já começava uma certa alienação, pelo menos a maioria deles (jovens).
Chegamos aos anos 2000 liberdade total e irrestrita, proliferação de porcarias como: Funk carioca, alguns grupos de axé “bunda lelê”, Restart, Cine, e tantas outras tranqueiras, é claro que ainda se faz música de primeira a MPB com nova safra de Belas vozes como Ana Carolina, Maria Gadú,Vanessa da Mata, Céu, Ceumar e tantas outras, mas a juventude não generalizando, mas uma grande parcela dela, prefere MC Sapão, “Mc isso”, “Mc aquilo”.
As drogas deixam de ser um meio de contestação, e viram uma grande indústria do crime gerando violência e mortes, deixando claro que não aprovo, ou digo que era certo usar no passado, mas a conotação era outra, o individualismo passa por cima do coletivo, saímos do erro do “pode nada” para o erro do “ pode tudo” , pais perdidos sem autoridade nenhuma, mal conhecem seus filhos e colocam a responsabilidade de educar para a Escola, que mal faz sua parte que deveria ser ensinar.
Não se apontam mais nas ruas mulheres separadas como acontecia na época, mas a hipocrisia permanece inalterada, uma sociedade preconceituosa em relação a homossexuais, negros, mulheres, ateus, etc.
Um país que comemora não por ter elegido uma Presidente que deveria ser competente, mas pelo fato de ser mulher, uma sociedade que pode ter mudado em muitas coisas desde a passeata a favor da “moralidade” nos anos de chumbo da ditadura, mas que continua hipócrita e falsa moralista, que com o perdão da palavra “Faz-se de anjo de dia e sonha que está comendo a mãe a noite”.
Saudades dos Anos Dourados, dos bailes de garagem, dos Beatles e Rolling Stones, de dançar de rostinho colado, e do beijo roubado, que saudade da juventude politizada e de ideais, que saudade de ter saudades!

By Wladimir Stern 17/01/11

Nenhum comentário:

Postar um comentário